sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Lestat Acorrentado


"No entanto, o convento estava vazio. Todos os pequenos fantasmas haviam sumido. O convento era meu. Do servo de Memnoch; príncipe de Memnoch. Eu estava só na minha prisão."
(Anne Rice - Memnoch)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Chamado Selvagem

“Quero alimentar-me rápido hoje à noite. Depois sair da cidade, ir para o campo. Ir para onde não haja nem um homem ou mulher por perto. Ir para onde haja apenas o vento, as árvores escuras e as estrelas no céu. Abençoado silêncio.” (Anne Rice - O Vampiro Lestat)

      A figura do lobisomem é o que mais facilmente veio a mente do autor enquanto este desenvolvia a ideia. Temos, por exemplo, a cena do personagem Lawrence Talbot, um elegante e civilizado senhor inglês do clássico filme Wolfman (1941), que após ser amaldiçoado presencia seus próprios pés criarem pelos grossos e garras enormes - apenas o princípio da transformação total. Temos cenas parecidas no remake do mesmo filme, O Lobisomem (2010), e na serie Harry Potter - quando o jovem bruxo precisa enfrentar seu querido professor que sofre os efeitos da lua cheia, entre muitas outras produções. Uma experiência assustadora para a grande maioria dos pobres personagens da cultura pop que se veem em meio a tal transformação. Mas todo processo de transformação realmente causa medo, pois nos tira de nossas zonas de conforto, nos botando de frente ao desconhecido.

       Mas nem toda transformação vem apenas com pavor, sofrimento e tragédia. Não foi graças a metamorfose de Jack Nicholson no filme Lobo (1994) que seu personagem, Will Randall, conseguiu dar uma guinada em sua vida para melhor, se livrando de um relacionamento sem graça, crescendo nos negócios e ainda conquistando o coração de uma sensual Michelle Pfeiffer? Outro exemplo que temos, mais recente e divertido, é a personagem que a cantora Shakira interpreta no videoclipe de sua música She Wolf, que, sob os efeitos mágicos da lua cheia, foge de uma vida aparentemente comum para se aventurar na noite da cidade, numa clara liberação mental e sexual. Há também o livro recém lançado The Wolf Gift (ainda sem tradução no Brasil), onde a consagrada escritora de romances góticos, Anne Rice, vê a licantropia não como uma maldição, mas sim como um dom.

       Talvez seja isso que os lobisomens mais representam no subconsciente da humanidade; a liberação de nós mesmos. O chamado da natureza está presente nos uivos que estes seres produzem. A fera que se liberta nada mais é que os sonhos que foram esquecidos no fundo de nossas almas, as paixões secretas. E em uma era onde as mulheres ainda lutam para provar que são capazes, onde cada vez mais pessoas criam coragem para exibir sem medo sua sexualidade diferenciada dos padrões, questionando religião e cultura, onde religiões pagãs voltadas a natureza continuam ganhando força, e onde debates mundiais são feitos em relação ao bem estar do planeta, o lobisomem está cada vez mais presente, clamando, por meio de seu assustador uivo, que o nosso animal interior venha a tona.