terça-feira, 17 de maio de 2011

Natãniel, trecho #1

"(...) Nisso o assassino com a arma fugiu pela estrada enlameada, entrando na mata não muito depois, e quando dei por mim eu já o seguia, mas sem fazer estardalhaço, abaixado nas quatro patas, me camuflando na vegetação, como um leão diante de uma manada de zebras. O assassino corria desesperadamente, mas ao mesmo tempo eu podia sentir o cheiro de ódio emanando claramente dele. Ele tinha o ofício de tirar vidas, mas temia a morte, e odiava sentir medo. O segui por cerca de cinco minutos, até que uma hora ele parou para tomar fôlego, as mãos apoiadas nos joelhos. Nessa hora eu saí de onde me escondia e fui até ele, ficando de pé. Eu queria que ele me visse, pois havia certo prazer em ver um homem perigoso como aquele arregalar os olhos para mim, cheio de um pavor indescritível, apontando a arma em minha direção. Ele só conseguiu atirar uma vez, e a bala me acertou de raspão no braço esquerdo, e nisso eu já havia pulado sobre ele e o abraçado. Era delicioso sentir o corpo dele tremer de medo, chegando a urinar nas calças, gritando como uma criança, os braços musculosos tão frágeis diante dos meus. Meu prazer era quase sexual, e talvez fora por isso que o abocanhei num quase beijo, mordendo-lhe com força o rosto, sentindo os ossos de sua mandíbula se quebrarem sob o poder da minha. O sangue maravilhoso jorrou para dentro de minha boca. Nessas horas, até mesmo um individuo como aquele podia desmaiar de tanto pavor, mas por sorte esse era forte, e continuou lutando, mesmo com parte do rosto destruído, e eu o amei naquele momento. Eu queria sentir o gosto de seu ódio e de sua maldade, eu queria comê-lo vivo."

Um comentário:

T.H.R. Oliveira disse...

Me calo... "Um prazer quase sexual", "num quase beijo"... vc tem sérias tendências sadomasoquistas meu amigo.... hahaha... adorei o trexo... ficou muito bom e excitante.